O uso do Tangram como recurso de aprendizagem
A Matemática é uma ciência que tem por objeto de estudo as relações entre os números, as formas, as grandezas e as operações entre estes elementos. Ao longo da história, esta se apresentou de modo a separar as pessoas, visto que o conhecimento gera poder, pois nas culturas antigas, conhecimento era privilégio de poucos. Dessa forma, historicamente, nasceu um preconceito de que a Matemática é um conhecimento direcionado apenas a poucos indivíduos talentosos.
Por este motivo, o ensino e a aprendizagem da Matemática, recentemente, está sendo estudado, de modo a tentar universalizar o aprendizado desta ciência e promover a acessibilidade a todas as pessoas. Dentre as maneiras, destaca-se a matemática lúdica.
Nos dias atuais, o ensino da Matemática está apregoado nos Parâmetros Curriculares Nacionais, que são os livros editados por educadores que fornecem suporte didático para o professor, propostos pelo Ministério da Educação. Estes documentos defendem uma abordagem interdisciplinar, o uso de problemas e situações reais, as recreações matemáticas, doutrinas estas propostas já nas obras de Malba Tahan que está entre os educadores que mais trabalhou a contextualização da Matemática, através de sua forma simples e divertida, traduzindo problemas do cotidiano em problemas de Aritmética e Álgebra, além de abordar em sala de aula a matemática lúdica.
Uma das subdivisões da Matemática nos PCN’s é Geometria e Formas, uma parte onde se podem explorar assiduamente as recreações matemáticas. Dentro da moderna orientação do ensino, cumpre ao professor conhecer algumas abordagens lúdicas, pois terá, muitas vezes, necessidade de aproveitá-las para motivar os seus alunos e tornar mais agradável e interessante a aprendizagem da ciência.
Uma dessas abordagens que pode ser explorada nessa subdivisão da Matemática (Geometria e Formas), é o Tangram; um quebra-cabeça chinês de origem milenar formado de sete peças geométricas oriundas de um quadrado.
As peças do Tangram são as seguintes: dois triângulos grandes, dois triângulos pequenos, um triângulo médio, um quadrado e um paralelogramo, como mostra a figura abaixo:
Com essas peças e a criatividade é possível montar cerca de 1700 figuras diferentes, veja alguns exemplos abaixo:
A introdução desse material-jogo pode ser feita através do conto de uma lenda sobre o tangram, a qual diz: “um monge chinês deu ao seu discípulo um quadrado de porcelana, um rolo de papel de arroz, pincel e tintas, e disse:
- Vai e viaja pelo mundo. Anota tudo que vires de belo e depois volta.
A emoção da tarefa fez com que o discípulo deixasse cair o quadrado de porcelana, que se partiu em sete pedaços. O discípulo, tentando reproduzir o quadrado, viu formar uma imensidão de figuras belas e conhecidas a partir das sete peças. De repente percebeu que não precisaria mais correr o mundo. Tudo de belo que existia poderia ser formado pelo Tangram.”
Logo após essa introdução, o professor pode confeccionar juntamente com os alunos as peças do Tangram, utilizando somente uma folha de papel quadrada e tesoura, trabalhando assim a coordenação motora e a arte ao mesmo tempo.
Além disso, vários conceitos matemáticos podem ser abordados, como:
- Identificação;
- Comparação;
- Descrição;
- Classificação;
- Desenho de formas geométricas planas;
- Visualização e representação de figuras planas;
- Exploração de transformações geométricas através de decomposição e composição de figuras;
- Compreensão das propriedades das figuras geométricas planas;
- Representação e resolução de problemas usando modelos geométricos;
- Noções de áreas;
- Frações.
Com esses conceitos em mente, os alunos podem desenvolver algumas habilidades que servem de pré-requisitos para outras áreas do saber, como: visualização, diferenciação, percepção espacial, análise, síntese, desenho, relação espacial, escrita, construção, criatividade e raciocínio lógico.
Outra maneira de se trabalhar o Tangram é a “sobreposição”, na qual o professor fornece uma imagem pré-definida onde os alunos devem encaixar as sete peças. Veja:
Através dessa imagem dada, o aluno deve encaixar as peças do tangram preenchendo-a sem sobrepô-las.
A razão finalizadora do Tangram é de que o todo é divisível em partes, e estas podem ser reconstruídas em um outro todo, como a própria concepção do grande educador Malba Tahan sobre a matemática.
Enfim, o uso de material lúdico em sala de aula, como o Tangram, é uma estratégia eficaz para entender conceitos de número e operações, além de educar a atenção, despertar interesse por mais conhecimento e trabalhar a interdisciplinaridade. Portanto, entende-se que a aprendizagem deve acontecer de forma interessante e prazerosa e um recurso que possibilita isso são os materiais lúdicos.
Referências
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997.
DEUS, ADREITON F. B. Malba Tahan e a didática da matemática: teoria e aplicação em sala de aula. Trabalho de Graduação em Licenciatura em Matemática – Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2007. 85p.
CULTURA CHINESA. Tangram. Disponível em: http://www.chinaonline.com.br/antigo/artes_gerais/tangram/default.asp. Acesso em: 06 mar. 2008.